Povos Tradicionais na RMBH: Mais Informações
Historicamente, os povos originários foram vítimas de inúmeras violências e durante muitos anos perderam a visibilidade. Entretanto, nas últimas décadas, a resistência indígena tem revelado um novo capítulo da história, com o reaparecimento, retomada, e reafirmação de diversos grupos indígenas na RMBH. Migrações de indígenas para cidades são constantes e têm motivações diversas, estando entre as principais a necessidade de obtenção de renda, a busca por educação formal e letramento e o atendimento qualificado na área de saúde. Um intenso fluxo migratório de povos vindos principalmente das regiões Norte e Nordeste tem feito crescer o contingente de povos e trazido à tona um novo processo de indigenização da região. As condições de vida fora de terras indígenas são marcadas por situações de vulnerabilidades socioeconômicas como informalidade no trabalho; acesso à saúde, educação, transporte e moradia precários e imersão em contextos de preconceito e violência étnico-racial.
A principal forma de subsistência dos grupos indígenas na RMBH tem sido a confecção e comercialização de arte e artesanato indígena, já que na cidade não têm acesso à terra para plantio e não acessam políticas públicas que garantam sua proteção. A venda do artesanato se constitui como uma maneira de resistência de sua cultura e tradições, e, ao mesmo tempo, como forma de sobrevivência nas cidades. No entanto, muitas famílias têm tido dificuldade em manter a comercialização desses materiais, tendo que conviver com uma lógica de mercado e concorrência muito diferente das relações de troca e cooperação predominantes em seus povos, bem como sofrem violência e racismo institucional nos locais de comercialização como agressões físicas da própria segurança local e impedimentos na venda pelos outros comerciantes. Além disso, no cenário da pandemia da COVID-19, as vendas dos artesanatos em feiras estão interrompidas, dificultando ainda mais a sobrevivência dessas pessoas na cidade.
Fonte: Texto produzido por Adriana Fernandes Carajá, Eni Carajá e Thiago Campos.
Referências: Site CEDEFES: https://www.cedefes.org.br/artigo-povos-indigenas-em-minas-gerais/ Acesso em 29/04/2021